POLÍTICA DE ENCARCERAMENTO E PRECONCEITO RACIAL: é possível falar em um sistema Jim Crow brasileiro?

Vanessa Chiari Gonçalves, Zeni Xavier Siqueira dos Santos

Resumo


O artigo problematiza o preconceito racial e os seus reflexos no encarceramento em massa, por meio da análise da representatividade da população negra no sistema penitenciário brasileiro. Partindo da obra de Michelle Alexander, reflete sobre a analogia apresentada pela autora em torno no novo sistema Jim Crow de controle social por meio da segregação racial. Nesse sentido, este trabalho propõe o seguinte problema de pesquisa: em que medida é possível afirmar que o encarceramento em massa no Brasil atinge a população negra de forma a implantar uma espécie de segregação racial por meio do sistema de justiça criminal? Para responder a esse questionamento, utiliza-se das técnicas de revisão bibliográfica e da coleta e sistematização de dados secundários extraídos do Relatório de Informações Penais do Ministério da Justiça, de 2023, e do último censo demográfico realizado em 2022. Como método de abordagem, adota o método dialógico.  Conclui que nas cinco regiões do País a representatividade da população preta é mais expressiva dentre as pessoas privadas de liberdade, seguida da população parda. Ainda que a seletividade racial seja manifesta no sistema prisional, não se pode aplicar completamente a analogia proposta por Michelle Alexander.


Palavras-chave


Segregação racial; Encarceramento; Seletividade; Política criminal; Controle social.

Texto completo:

PDF

Referências


ALEXANDER, Michelle. A nova segregação: racismo e encarceramento em massa.1. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 2018.

ALEXANDER, Michelle. The New Jim Crow: Mass Incarceration in the Age of Colorblindness. The New Press, 1st edition., 2010.

ALMEIDA, Silvio Luiz de; DAVOGLIO, Pedro. Notas sobre a tradução. In: A nova segregação: racismo e encarceramento em massa.1. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 2018.

BARROS, Surya Pombo de. Escravos, libertos, filhos de africanos livres, não livres, pretos, ingênuos: negros nas legislações educacionais do XIX. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1517-9702201609141039. Acesso em 01 de setembro de 2023.

BORGES, Juliana. O que é Encarceramento em Massa? Belo Horizonte: Letramento Justificando, 2018.

FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro caído no chão: o sistema penal e o projeto genocida do estado brasileiro. Brasília: Contraponto, 2006.

FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala: Formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 48. Ed. Recife: Global Editora, 2003.

OSEL, JOSEPH, D. ALUMNUS. Oward détournement of the new jim crow or the strange career of the new jim crow, seattle university graduate department of psychology .Disponível em: https://philpapers.org/archive/OSETDO-2. Acesso em 14 de Agosto de 2023.

JAMES FORMAN, JR. racial critiques of mass incarceration: beyond the new jim crow.

RACIAL CRITIQUES FEB. 26, 2012. Disponível em:

https://openyls.law.yale.edu/bitstream/handle/20.500.13051/3016/Racial_Critiques_Feb__26_ 2012.pdf?sequence=2&isAllowed=y. Acesso em 15 de agosto de 2023.

SEMER, Marcelo. Sentenciando o Tráfico: o papel dos juízes no grande encarceramento. São Paulo: Tirant lo blanch, 2019.

SENAPPEN. Relatório de Informações Penais. Disponível em: https://www.gov.br/senappen/pt-br/servicos/sisdepen/relatorios/relipen/relipen-1-semestre-de-2023.pdf. Acesso em 01 de setembro de 2023.

SUTHERLAND, Edwin Hardin. Crime de colarinho branco: versão sem cortes. Rio de Janeiro: Revan, 2015.

WACQUANT, Loïc. As prisões da miséria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.




DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2526-0065/2023.v9i2.10011

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.