FLUXOS MIGRATÓRIOS EM TEMPOS DE DEMOCRACIA AGONÍSTICA E A URGÊNCIA POR UMA CIDADANIA DIASPÓRICA

Natalia Cintra de Oliveira Tavares, Vanessa Oliveira Batista Berner

Resumo


Partindo da concepção de democracia agonística, proposta por Chantal Mouffe, este artigo pretende correlacionar os conceitos de democracia e cidadania, na perspectiva dialética balibariana, a fim de pensar como os fluxos migratórios contemporâneos podem ser pensados não só como movimentos sociais, como entende Sandro Mezzadra, mas também como movimentos insurrecionais, na concepção de Balibar. Partido de tais perspectivas, as migrações poderiam ser pensadas, portanto, enquanto um fenômeno de grande potencial democratizante das sociedades atuais, capazes de tensionar as concepções hodiernas de cidadania e Estado nacional, os quais são incapazes de incorporar as existências migrantes. A fim de pensar em um tipo de existência cidadã capaz de questionar as fronteiras internas e externas dos Estados nacionais, este trabalho conclui que as migrações invocam um tipo de cidadania que se irá denominar diaspórica, pensada principalmente por Michel Laguerre, um tipo de cidadania transnacional, capaz de movimentar a democracia e transformar as bases nas quais a soberania e o Estado nação se encontram fortalecidos.


Palavras-chave


Migrações; Democracia Agonística; Cidadania Diaspórica; Diáspora

Texto completo:

PDF

Referências


BALIBAR, Etiénne. Ciudadanía. Buenos Aires: Adriana Hidalgo Editora, 2013.

______. Strangers as Citizens: Further Reflections on the Aporias of Transnational Citizenship. Disponível em: http://www.artcentersf.org/fall2016/parallaxdrift/wp-content/uploads/2017/04/Strangers.pdf. Acesso aos 20 de dezembro de 2017.

______. Cidadania, Nacionalidade, Soberania. Crítica Marxista, nº 3-4, Roma, julho, 1998.

BENHABIB, Seyla. Another Cosmopolitanism. Londres: Editora Oxford, 2006.

CASTILHOS, Joelma S.; MADEIRA, Júlio César. África de Corpo e Alma: a Contribuição de Nativos Africanos para a Valorização da Cultura Negra em Sala de Aula. In: JOSEPH, Handerson; JOSEPH, Francine P. S. (Orgs.). Reflexões sobre a Questão Racial: Direito, Cidadania e Educação. Pelotas: Ed. Da UFPEL, 2011.

FLORES, Joaquín Herrera. Direitos Humanos, Interculturalidade e Racionalidade de Resistência. Sequência, v. 23, n. 44, Florianópolis, 2002.

FORNOS, J. L. Nacionalidade, colonialismo e imigração na literatura portuguesa. Literatura em Debate (URI) , v. 02, pp. 01-10, 2008.

GALLARDO, Helio. Derechos Humanos como Movimiento Social. Bogotá: Ediciones Desde Abajo, 2009.

HALL, Stuart. Da Diáspora: Identidades e Mediações Culturais. São Paulo: Editora Humanitas, 2003.

LAGUERRE, Michel. Diasporic Citizenship: Haitian Americans in Transnational America. Nova York: Palgrave Macmillan, 1998.

MEZZADRA, Sandro. Derecho de Fuga: migraciones, ciudadanía y globalización. Madri: Traficante de Sueños, 2005.

MOUFFE, Chantal. Por um Modelo Agonístico de Democracia. Revista de Sociologia Política, nº 25, Curitiba, nov., 2005, p. 11-23.

SAID, Edward. Reflexões sobre o exílio e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. P.46-60.

TAYLOR, Charles. El multiculturalismo y la política del reconocimiento. México: Fondo de Cultura Económica, 1993.

VELASCO, J. La noción republicana de ciudadanía y la diversidade cultural. Isegoría, v. 33, 2006, pp 191-206.

______. Transnacionalismo Migratorio y Ciudadanía en Mutación. Claves de Razón Práctica, n. 197, Madrid, pp. 32-41, 2009.




DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2358-1352/2019.v23i9.4604

Apontamentos

  • Não há apontamentos.