Neurociência, Psicologia Moral e Direito: Primeiras Reflexões sobre (Im)possibilidade de Convencimento Racional

Thais de Bessa Gontijo de Oliveira

Resumo


Ainda que sejam muitos os momentos em que o Direito se deixa influenciar pelos valores, existe hoje uma convicção de que os processos de aplicação do Direito resultam de processos racionais. Acredita-se que o aplicador do direito é influenciado pelos argumentos das partes, e constrói sua decisão racionalmente. Todavia, novas descobertas da Neurociência e da Psicologia Moral mostram que muitos desses julgamentos morais, que inevitavelmente influenciam os julgamentos jurídicos, são feitos de forma inconsciente e não-racional. Quando formados, esses julgamentos são imunes a argumentos racionais contrários. Por meio de revisão bibliográfica, discutem-se neste trabalho algumas decorrências dessas novas descobertas para o Direito. Entre elas, a possibilidade de reforçar o treinamento filosófico mais aprofundado no curso de formação de juristas, ou no curso de formação de magistrados, tornando essas pessoas mais permeáveis a argumentos contrários às suas próprias convicções morais. E ainda, a limitação do mandato dos Ministros dos Tribunais Superiores, com o objetivo de evitar que a jurisprudência se atrele à convicção moral de uns poucos juristas por longos períodos de tempo.


Palavras-chave


Neurociência; Neurodireito; Convencimento racional

Texto completo:

PDF

Referências


ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo (SP), WMF Martins Fontes, 2012. ADVOGADO de lobista diz que não se faz obra pública no Brasil sem propina. G1, 20 nov. 2014. Disponível em:

lobista-diz-que-nao-se-faz-obra-publica-no-brasil-sem-propina.html>. Acesso em: 04 nov. 2014.

CADEMARTORI, Luiz Henrique Urquhart. A tese da resposta correta na teoria de Dworkin e a polêmica com as concepções analíticas do direito: um provável mal entendido. Revista Eletrônica Direito e Política, v. 4, 2009, p. 1-17.

CUPANI, Alberto. A crítica do positivismo e o futuro da filosofia. Florianópolis: UFSC, 1985.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2013. GALLESE, Vittorio; LAKOFF, George. The brain's concepts: the role of the sensory-motor system in conceptual knowledge. Cognitive Neuropsychology, 22:3-4, p. 455-479, 2005.

HELLER, Léo; CASTRO, José Esteban. Política pública de saneamento: apontamentos teórico-conceituais. Engenharia Sanitária e Ambiental, Rio de Janeiro (RJ), v. 12, n. 3, p. 284-295, jul./set. 2007.

HAIDT, Jonathan. Moral judgment, affect, and culture, or, is it wrong to eat your dog? 1992, 68 f. Disseração (doutorado) - Universidade da Pennsylvania. Disponível em: . Acesso em: 30 out. 2014.

HAIDT, Jonathan. The emotional dog and its rational tail: a social intuitionist approach to moral judgement. Psychological Review, v. 108, n. 4, 2001, p. 814-834.

HAIDT, Jonathan. The Righteous Mind: why good people are divided by politics and religion. New York: Vintage Books, 2012.

HILGENDORF, Eric. Law and science. In: MACHAMER, Peter; WOLTERS Gereon (org.). Science, Values, and Objectivity. University of Pittsburgh Press, 2004. Chapter 15, p. 294-309.

INWOOD, M.J. Enlightment. In: HONDERICH, Ted. The Oxford Companion To Philosophy. Oxford; New York: Oxford University Press, 1995.

MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 21 ed., rev., e atual. até a Emenda Constitucional 52/2006. São Paulo: Malheiros, 2006.

MPF aponta Incra como responsável por um terço do desmatamento da Amazônia. Estadao.com.br, Planeta, Brasília, 11 out. 2012. Disponível em

. Acesso em: 11 out. 2012.

OLIVEIRA, Thaís de Bessa Gontijo de. Competências constitucionais em projetos de saneamento básico - o mito do interesse local nos votos do Supremo Tribunal Federal. Revista de Direito Ambiental, São Paulo (SP), RT, n. 68, ano 17, p. 75-102, out./dez. 2012.

ROSEN, Jeffrey. The brain on the stand. New York Times. 11 mar. 2007. Disponível em . Acesso em: 27 nov. 2014.




DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2526-012X/2015.v1i1.820

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Revista Brasileira de Filosofia do Direito, Florianópolis (SC), e-ISSN: 2526-012X

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.