JUSTIÇA AMBIENTAL E ECOLÓGICA NA AMÉRICA LATINA E O MARCO GLOBAL DA BIODIVERSIDADE KUNMING-MONTREAL: IMPLICAÇÕES NA SOCIOBIODIVERSIDADE

Tônia Andrea Horbatiuk Dutra

Resumo


O contexto global do Antropoceno e da crise climática e as peculiaridades da América Latina em sua rica biodiversidade e histórico de exploração e conflitos territoriais, apontam para aspectos de injustiça social e ambiental que precisam ser sanados para que o novo Marco Global da Biodiversidade, contribua para a integridade ecossistêmica e o florescimento coletivo de toda a comunidade de vida. Diante do exposto, coloca-se a questão: quais as implicações das abordagens de Justiça Ambiental e Ecológica na proteção da sociobiodiversidade na América Latina a partir do Marco Global da Biodiversidade de Kunming-Montreal? Com base no método hipotético-dedutivo e na metodologia de pesquisa bibliográfica e documental, buscou-se responder à questão proposta. Da pesquisa realizada resultou identificada uma série de pontos de confluência entre os objetivos e metas do Acordo firmado com os critérios pertinentes à Justiça Ambiental e à Justiça Ecológica. Considerando a relação entre o contexto da sociobiodiversidade latino-americana e as proposições do Acordo em termos restaurativos e de prevenção às catástrofes em função da crise climática, concluiu-se, então, pela confirmação da hipótese de que, alcançar os objetivos e metas definidos implica recompor as injustiças de caráter decolonial e restaurar os danos ecológicos, resguardando toda a comunidade de vida, ou seja, adotar os parâmetros das Justiças Ambiental e Ecológica.


Palavras-chave


Marco Global da Biodiversidade Kunming-Montreal; América Latina; Povos Indígenas e Populações Tradicionais; Justiça Ambiental; Justiça Ecológica

Texto completo:

PDF

Referências


ACESSA.COM. Brasil presidirá grupo dos países megadiversos para negociar biodiversidade na ONU. Disponível em; https://www.acessa.com/noticias/2022/12/117599-brasil-presidira-grupo-dos-paises-megadiversos-para-negociar-biodiversidade-na-onu.html. Acesso em: 05 abril/2023.

ACSERALD, Henri et al. O que é Justiça Ambiental? Rio de Janeiro: Garamond,

ALIER, Joan Martínez. O ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e linguagens de valoração. Tradução Maurício Waldman. São Paulo: Contexto, 2007, p. 175.

ARAPYAU.Org. Acordo da COP 15 norteará ações pela natureza e oportunidades em bioeconomia. Disponível em: https://arapyau.org.br/acordo-da-cop15-norteara-acoes-pela-natureza-e-oportunidades-em-bioeconomia/. Acesso em: 10 abril/2023.

COLÔMBIA. Corte Constitucional - T-622, 2016. Disponível em: https://www.corteconstitucional.gov.co/relatoria/2016/t-622-16.htm. Acesso em: 15 abril/2023.

CRUTZEN, P.J. and STOERMER, E.F. The “Anthropocene”. Global Change Newsletter, 41, 17, 2000.

DUTRA, Tônia A. Horbatiuk. Verbete “Justiça Ecológica”. In: MAGALHÃES, José L Q.; GONTIJO, Lucas A.; COSTA, Bárbara A.; BICALHO, Mariana F. (Orgs.) Dicionário de Direitos Humanos. Volume II. Porto Alegre: ABEC Brasil, 2023, p. 193 - 202.

EBC. Agência Brasil. COP 15 chega a acordo histórico para a biodiversidade. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2022-12/cop15-chega-acordo-historico-para-biodiversidade. Acesso em: 05 abril/2023.

ESCOBAR, Arturo. Sentipensar con la Tierra: las luchas territoriales y la dimensión ontológica de las epistemologías del sur. Revista de Antropología Iberoamericana, vol. 11, n. 01, Madrid, 2016, pp. 11-32. Disponível em: www.aibr.org Acesso: 05 jul/2019.

FAO. FILAC. Indígenas y gobernanza de bosques, 2021. Disponível em: https://www.fao.org/americas/publicaciones-audio-video/indigenas-y-gobernanza-de-bosques/es/. Acesso em: 15 jan/2023.

FIOCRUZ. Mapa de Conflitos. Disponível em: https://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/conflito/pa-complexo-hidreletrico-de-belo-monte-ameaca-povos-indigenas-ribeirinhos-e-parte-da-populacao-de-altamira/. Acesso em: 16 abril/2023.

FRASER, Nancy. Mapeando a imaginação feminista: da redistribuição ao reconhecimento e à representação. Estudos Feministas, Florianópolis 15 (2), 240, maio-agosto/2007.

GLOBAL WITNESS. Decade of defiance, 2022. Disponível em: file:///Users/MAC/Downloads/Decade_of_defiance_EN_-_September_2022.pdf

GUDYNAS, Eduardo. La senda biocéntrica: valores intrínsecos, derechos de la naturaleza y justicia ecológica. Tabula Rasa. Bogotá - Colombia, No.13: 45-71, julio-diciembre 2010.

GUDYNAS, Eduardo. Ciudadanía ambiental y meta-ciudadanías ecológicas: revisión y alternativas en América Latina. Desenvolvimento e Meio Ambiente. Curitiba, 19:53-72, 2009.

ICCA. TERRITORIES OF LIFE.ORG. Territories of Life Report, 2021. Disponível em: https://report.territoriesoflife.org/wp-content/uploads/2021/09/ICCA-Territories-of-Life-2021-Report-FULL-150dpi-ENG.pdf. Acesso em: 03 abril/ 2023.

IPBES. Intergovernamental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services, 2022. Disponível em: https://zenodo.org/record/6810036#.ZDljfezMK-V. Acesso em: 10 abril/2023.

IPCC. Report, 2022. Disponível em: https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg3/. Acesso em: 10 abril/2023.

IPE.ORG. COP 15 – países finalizam marco global da biodiversidade com quatro objetivos e 23 metas para 2030. Disponível em: https://www.ipe.org.br/ultimas-noticias/2247-cop-15-paises-finalizam-marco-global-da-biodiversidade-com-quatro-objetivos-e-23-metas-para-2030. Acesso em: 10 abril/2023.

KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu. Palavras de um xamã Yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

LEFF, Enrique. A aposta pela vida: imaginação sociológica e imaginários sociais nos territórios ambientais do Sul. Tradução João Batista Kreuch. Petrópolis: Vozes, 2016.

MONDACA, Eduardo. La re-existência Mapuche frente al extractivismo forestal en un contexto de neoliberalismo armado, p. 19 – 42. (In) RAMOS, Gian Carlo Delgado (Org.). Ecologia política del extractivismo en América Latina: casos de resistencia y justicia socio-ambiental. MONDACA, Eduardo. et al. 1a ed. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO, 2013. E-Book.

NUSSBAUM, Martha. Crear Capacidades: propuesta para el desarrollo humano. Barcelona: Paidos, 2012.

OAS. Constituição do Equador. Disponível em: https://www.oas.org/juridico/pdfs/mesicic4_ecu_const.pdf. Acesso em: 05 abril/ 2023.

OBSERVATÓRIO DE DIREITO SOCIOAMBIENTAL. Protocolos. Disponível em: https://observatorio.direitosocioambiental.org/protocolos/. Acesso em: 15 abril/2023.

ROCKSTRÖM, J; STEFFEN, WL et al. Planetary Boundaries: exploring the safe operating space of humanity. In: Ecology and society, vol. 14, n. 2, 2009, 32 p.

SCHLOSBERG, David. Defining environmental justice: theories, movements, and nature. New York: Oxford, 2007.

UNB NOTÍCIAS. Garimpo ilegal destruição da natureza e violência: o inferno novamente infligido ao povo Yanomami. Janeiro/2023. Disponível em: https://noticias.unb.br/112-extensao-e-comunidade/6305-garimpo-ilegal-destruicao-da-natureza-e-violencia-o-inferno-novamente-infligido-ao-povo-yanomami. Acesso em: 10 abril/2023.

UNEP, 2022. Kunming-Montreal global biodiversity framework. Disponível em: https://www.unep.org/resources/kunming-montreal-global-biodiversity-framework. Acesso em: 10 abril/2023.

UN. NEWS.Org., 2012. Na COP 15 países fazem Acordo histórico para proteger a natureza. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2022/12/1806977. Acesso em: 10 abril/2023.

UNICAMP. O que é permafrost e por quê se importar. Disponível em: https://www.ige.unicamp.br/pedologia/2021/06/02/o-que-e-permafrost-e-por-que-se-importar/. Acesso em: 04 abril/2023.

YOUNG, Iris Marion. Justice and the Politics of Difference. Princeton: Princeton University Press, 2011.




DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2525-9628/2023.v9i1.9724

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.