O ENGODO DO SUBJETIVISMO NAS RELAÇÕES DE CONSUMO E O PARADOXO DA INSATISFAÇÃO E MELANCOLIA DO CONSUMIDOR, APÓS ATINGIR A SATISFAÇÃO DO SEU DESEJO

Daniel Firmato de Almeida Glória, Sumaia Tavares de Alvarenga Matos

Resumo


O trabalho aborda, por meio de uma análise das características das sociedades de produtores e de consumidores, a evolução do consumo até atingir a denominada sociedade de consumidores, na qual o valor primordial é a felicidade do consumidor. Demonstra como as forças de mercado atuam sobre o principal agente econômico das relações de consumo, colocando em destaque o seu subjetivismo, amparado tão somente em sua individualidade e no modo “faça-você-mesmo”, fazendo-o acreditar que suas decisões e hábitos de compra não sofrem qualquer influência externa ou manipulação. Discorre sobre o padrão de autonomia plena do sujeito consumidor e aponta a falácia de tal situação, pois a tão decantada autodeterminação é constantemente colocada em dúvida. Debate a dificuldade de compreensão de que, na sociedade de consumo, a característica principal é o próprio consumidor transformar-se em mercadoria, induzido por fatores externos: redes sociais, marketing e o neuromarketing. Retrata o paradoxo da infelicidade e melancolia do sujeito que consome, depois da felicidade alcançada com o seu desejo satisfeito. Adota o método lógico dedutivo baseado na pesquisa indireta, bibliográfica, doutrinária e documental.

Palavras-chave


Sociedade de consumo; Consumidores; Subjetividade; Recomodificação; Melancolia do consumidor

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DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2526-0030/2023.v9i1.9515

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