A Justificação Ética da Tese da Separação entre o Direito e a Moral em John Austin

Galvão Rabelo

Resumo


O jurista britânico John Austin está inserido no limiar do desenvolvimento da tradição juspositivista. Sua obra, que data da primeira metade do século XIX, foi especialmente importante para a fixação dos elementos básicos dessa vertente do pensamento jurídico. Entre suas contribuições para a doutrina juspositivista está a sua formulação da tese da separação entre o direito e a moral. No âmbito ético, por seu turno, John Austin foi um fervoroso utilitarista e defendeu a utilização do princípio da utilidade como o único critério racional para o desvelamento das normas morais superiores (as leis divinas). Considerando essas duas dimensões do seu pensamento, há muito se questiona se a sua ética utilitarista teria influenciado, de algum modo, a sua teoria jurídica, especialmente no que tange à tese da separação. Esta última, que está no centro da tradição juspositivista, tem sido interpretada de diferentes modos no debate jurídico contemporâneo. Uma vertente em especial, o chamado positivismo ético, abriu novas perspectivas para o estudo dessa tradição, ao defender a teoria juspositivista como um modelo teórico moralmente satisfatório para os sistemas jurídicos contemporâneos. Desse modo, utilizando a premissa central do positivismo ético (de que existem razões morais para a defesa da tese da separação) como instrumento metodológico- interpretativo, pretende-se retomar a questão da relação entre as convicções éticas e jurídicas de John Austin, a fim de compreender quais foram as razões morais que o levaram a defender a separação entre o que é o direito e aquilo que ele deveria ser.


Palavras-chave


Positivismo jurídico; John Austin; Tese da separação; Utilitarismo; Positivismo ético

Texto completo:

PDF

Referências


ABBAGNANO, Nicola. História da filosofia. v. 10. Trad. Armando da Silva Carvalho e Antônio Ramos Rosa. 2. ed. Lisboa: Editorial Presença, 1978. Título original: Storia dela filosofia.

ALEXY, Robert. On the concept and the nature of law. Ratio Juris, Oxford, v. 21, n. 3, p. 281-299, sept. 2008.

ALEXY, Robert. Teoria discursiva do direito. Org., Trad. e Estudo introdutório Alexandre Travessoni Gomes Trivisonno. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014.

ARGÜELLES, Juan Ramón de Páramo. Estudio preliminar: John Austin, un jurista desolado. In: AUSTIN, John. El objeto de la jurisprudencia. Traducción y estudio preliminar de Juan Ramón de Páramo Argüelles. Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 2002.

p. Título original: The province of jurisprudence determined.

AUSTIN, John. A plea for the constitution. 2. ed. London: John Murray, 1859. 42 p. AUSTIN, John. Centralization. The Edinburgh Review: or critical journal, Edinburgh, v. 85, n. 171, p. 221-260, Jan./Apr. 1847.

AUSTIN, John. Disposition of property by will – Primogeniture. The Westminster Review, Londres, v. 2, n. 4, p. 503-553, jul./out. 1824.

AUSTIN, John. El objeto de la jurisprudencia. Traducción y estudio preliminar Juan Ramón de Páramo Argüelles. Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 2002. 338 p. Título original: The province of jurisprudence determined.

AUSTIN, John. Joint Stock Companies. Parliamentary History and Review, London, p. 709-727, 1826.

AUSTIN, John. Lectures on jurisprudence: or, the philosophy of positive law. 5. ed. rev. and edited by Robert Campbell. London: John Murray, 1911. v. 1.

AUSTIN, John. Lectures on jurisprudence: or, the philosophy of positive law. 5. ed. rev. and edited by Robert Campbell. London: John Murray, 1885. v. 2.

AUSTIN, John. List on the principles of the German Customs-Union. The Edinburgh Review: or critical journal, Edinburgh, v. 75, n. 152, p. 515-556, Apr./July 1842.

AUSTIN, John. The province of Jurisprudence determined: and the uses of the study of Jurisprudence. Indianapolis: Hackett Publishing Company, 1998. 396 p. (Hackett Classics Series)

AUSTIN, Sarah. Preface. In: AUSTIN, John. Lectures on jurisprudence: or, the philosophy of positive law. 3. ed. rev. and edited by Robert Campbell. London: John Murray, 1869. v. 1.

BOBBIO, Norberto. O positivismo jurídico: lições de filosofia do direito. Compiladas por Nello Morra. Tradução de Márcio Pugliesi, Edson Bini e Carlos E. Rodrigues. São Paulo: Ícone, 2006. 239 p. (Coleção elementos de direito)

CAMPBELL, Tom. El sentido del positivismo jurídico. Trad. Ángeles Ródenas. Doxa: Cuadernos de filosofía del derecho, Alicante, n. 25, p. 303-331, 2002.

DAVID, René. O direito inglês. Tradução de Eduardo Brandão. Revisão de Isabella Soares Micali. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 120 p. Título original: Le droit anglais.

DIMOULIS, Dimitri. Positivismo jurídico: introdução a uma teoria do direito e defesa do pragmatismo jurídico-político. São Paulo: Método, 2006. 301 p. Coleção Profesor Gilmar Mendes.

GIFIS, Steven H. Law dictionary. 6. ed. New York: Barron’s Educational Series, 2010. 595 p.

HAMBURGER, Lotte; HAMBURGER, Joseph. Troubles lives: John and Sarah Austin. Toronto: University of Toronto Press, 1985. 261 p.

HART, H. L. A. Introduction. In: AUSTIN, John. The province of Jurisprudence determined: and the uses of the study of Jurisprudence. Indianapolis: Hackett Publishing Company, 1998. 396 p. (Hackett Classics Series)

HART, H. L. A. O conceito de direito. Pós-escrito org. por Penelope A. Bulloch e Joseph Raz. Trad. Antônio de Oliveira Sette-Câmara. Rev. Trad. Marcelo Brandão Cipolla. Rev. tec. Luiz Vergílio Dalla-Rosa. São Paulo: Martins Fontes, 2009. 399 p. Título original: The concepto of law.

HART, H. L. A. O positivismo e a separação entre o direito e a moral. In: Hart, Herbert L. A. Ensaios sobre teoria do direito e filosofia. Trad. José Garcez Ghirardi e Lenita Maria Rimoli Esteves. Rev. tec. Ronaldo Porto Macedo Junior e Leonardo Gomes Penteado Rosa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. (Teoria e filosofia do Direito)

HOERSTER, Norbert. En defensa del positivismo jurídico. Trad. Ernesto Garzón Valdés. Rev. Ruth Zimmerling. Barcelona: Gedisa, 2000.

MAINE, Henry Sumner. Lectures on the early history of institutions. New York: Henry Holt and Company, 1875. 412 p.

MANSILLA, Isabel Turégano. Derecho y moral em John Austin. Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 2001. 562 p. (Colección el Derecho y la Justicia)

MILL, John Stuart. Autobiografia. Tradução de Alexandre Braga Massella. São Paulo: Iluminuras, 2006. 253 p. Título original: Autobiography.

MILL, John Stuart. O utilitarismo. Trad. e Introdução Alexandre Braga Massella. São Paulo: Iluminuras, 2000. 94 p. Título original: the utilitarism.

MORESO, José Juan. El positivismo jurídico y la aplicación del derecho. DOXA: Cuadernos de Filosofía del Derecho, Alicante, n. 27, p. 45-62, 2004.

MORISON, William L. John Austin. Stanford: Stanford University Press, 1982. 239 p. (Jurists: profiles in legal theory).

RAZ, Joseph. The authority of law: essas on law and morality. Oxford: Oxford University Press, 1979. 289 p.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: do romantismo ao empiriocriticismo. v. 5. Trad. Ivo Storniolo. Revisão Zolferino Tonon. São Paulo: Paulus, 2005. Título original: Storia dela filosofia: v. III, Dal romanticismo ai nostri gioni.

ROSS, Janet. Three generations of english women: memoirs and correspondence of Susannah Taylor, Sarah Austin and Lady Duff Gordon 2. ed. London: T. Fisher Unwin, 1893. 571 p.

RUMBLE, Wilfried E. Doing Austin Justice: the reception of John Austin’s philosophy of law in nineteenth-century England. London; New York: Continuum, 2005. 270 p.

RUMBLE, Wilfried E. The thought of John Austin: Jurisprudence, Colonial Reform, and the British Constitution. London: Athlone Press; Dover: New Hampshire, 1985. 278 p.




DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2526-012X/2015.v1i1.819

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Revista Brasileira de Filosofia do Direito, Florianópolis (SC), e-ISSN: 2526-012X

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.