O PAPEL DAS REIVINDICAÇÕES SOCIAIS NA GRAMÁTICA DO DIREITO: UMA ANÁLISE A PARTIR DA DOGMÁTICA JURÍDICA NAS DEMANDAS DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS POR NOME E SEXO

Conteúdo do artigo principal

Simone Schuck da Silva

Resumo

O artigo pretende apresentar o papel das reivindicações sociais na gramática do direito a partir da análise da mobilização dos institutos dogmáticos do nome e do sexo civis nas demandas jurídicas por retificação do registro civil de pessoas trans. O objetivo é demonstrar como as lutas sociais, ao expressarem-se na gramática do direito, estruturam disputas sobre os significados dogmáticos de instituições jurídicas e, assim, possibilitam uma avaliação crítica da regulação disponibilizada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Silva, S. S. da. (2018). O PAPEL DAS REIVINDICAÇÕES SOCIAIS NA GRAMÁTICA DO DIREITO: UMA ANÁLISE A PARTIR DA DOGMÁTICA JURÍDICA NAS DEMANDAS DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS POR NOME E SEXO. Revista De Sociologia, Antropologia E Cultura Jurídica, 4(1), 1–21. https://doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2526-0251/2018.v4i1.4348
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Simone Schuck da Silva, Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos)

Doutoranda e mestra em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (PPGD/Unisinos). Bolsista do Programa de Excelência Acadêmica da CAPES (PROEX/CAPES). Bacharela em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Contato: sschucksilva@gmail.com.

Referências

BENTO, Berenice Alves de Melo. Da transexualidade oficial às transexualidades. In: PISCITELLI, Adriana; GREGORI, Maria Filomena; CARRARA, Sérgio. (Org.). Sexualidade e saberes: convenções e fronteiras. Rio de Janeiro: Garamond, 2004, p. 143-172.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 19 jan. 2018.

BRASIL. Decreto nº 8.727, de 28 de abril de 2016. Dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. Diário Oficial da União: Brasília, DF, p. 1, 2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/D8727.htm>. Acesso em: 19 jan. 2018.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Diário Oficial da União: Brasília, DF, p. 1, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em: 29 mar. 2018.

BRASIL. Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros públicos, e dá outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, p. 13528, 1973. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6015compilada.htm>. Acesso em: 29 jan. 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Política nacional de saúde integral de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Brasília, DF: 2013. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_lesbicas_gays.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2017.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4275. Requerente: Procuradora-Geral da República. Relator: Ministro Marco Aurélio. Brasília, DF, 26 de janeiro de 2009. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp? incidente=2691371>. Acesso em: 16 mar. 2018.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso extraordinário nº 670.422. Recorrente: S.T.C. Recorrido: Oitava Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Relator: Ministro Dias Toffoli. Brasília, DF, 26 de janeiro de 2012. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=4192182>. Acesso em: 16 mar. 2018.

BROWN, Wendy. Suffering the Paradoxes of Rights. In: BROWN, Wendy; HALLEY, Janet (Ed.). Left Legalism/Left Critique. Durham; London: Duke University Press, 2002, p. 420-434.

BUNCHAFT, Maria Eugênia. O “direito dos banheiros” no STF: considerações sobre o voto do ministro Luís Roberto Barroso no RE N. 845779 com fundamento em Post, Siegel e Fraser. Constituição, Economia e Desenvolvimento: Revista da Academia Brasileira de Direito Constitucional, Curitiba, v. 8, n. 14, p. 143-174, jan./jun. 2016.

BUTLER, Judith. O clamor de Antígona: parentesco entre a vida e a morte. Florianópolis: UFSC, 2014.

BUTLER, Judith. O parentesco é sempre tido como heterossexual? Cadernos Pagu, São Paulo, n. 21, p. 219-260, 2003.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 9. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

BUTLER, Judith. Relatar a si mesmo: crítica da violência ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

CARVALHO, Mario; CARRARA, Sérgio. Em direção a um futuro trans? Contribuição para a história do movimento de travestis e transexuais no Brasil. Sexualidad, Salud y Sociedad, Rio de Janeiro, n. 14, p. 319-351, ago. 2013.

CASTRO, Cristina Veloso de. As garantias constitucionais das pessoas transexuais. Birigui: Boreal, 2016.

CUNHA, Alexandre dos Santos. A normatividade da pessoa humana: o estatuto jurídico da personalidade e o Código Civil de 2002. Rio de Janeiro: Forense, 2005.

DIAS, Maria Berenice. Homoafetividade e os direitos LGBTI. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.

FACCHINI, Regina. Sopa de letrinhas? Movimento homossexual e produção de identidades coletivas nos anos 90. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.

FACHIN, Luiz Edson. O corpo do registro no registro do corpo: mudança de nome e sexo sem cirurgia de redesignação. Revista Brasileira de Direito Civil, v. 1, p. 36-60, jul./set. 2014.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Função social da dogmática jurídica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

GOHN, Maria da Glória Marcondes. Teorias dos movimentos sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. São Paulo: Loyola, 2012.

HOOKS, bell. Yearning: Race, Gender, and Cultural Politics. New York: Routledge, 2015.

JESUS, Jaqueline Gomes de; ALVES, Hailey. Feminismo transgênero e movimentos de mulheres transexuais. Revista Cronos, Natal, v. 11, n. 2, nov. 2010.

JESUS, Jaqueline Gomes de. Gênero sem essencialismo: feminismo transgênero como crítica do sexo. Universitas Humanística, Bogotá, n. 78, p. 241-257, jul./dez. 2014.

JESUS, Jaqueline Gomes de. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Brasília: 2012.

JESUS, Jaqueline Gomes de (Org.). Transfeminismo: teorias e práticas. Rio de Janeiro: Metanoia, 2014.

JESUS, Jaqueline Gomes de. Transfobia e crimes de ódio: Assassinatos de pessoas transgênero como genocídio. História Agora, [S.I.], n. 2, v. 16, p. 101-123, 2013.

KAAS, Hailey. O que é Transfeminismo? Uma Breve Introdução. 2. ed. [S.I.], 2015. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/371874/mod_resource/content/0/Encontro%206%20-%20O-que-%C3%A9-Transfeminismo.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2018.

LANGLEY, Laura K. Self-determination in a gender fundamentalist state: toward legal liberation of transgender identities. Texas Journal on Civil Liberties & Civil Rights, Austin, n. 1, v. 12, 2006.

LENTZ, Luísa Helena Stern. Direito à identidade: viva seu nome. A retificação do registro civil como meio de conquista da cidadania para travestis e transexuais. In: Seminário Internacional Fazendo Gênero, 10., 36., 2013, Florianópolis. Anais eletrônicos... Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2013. Disponível em: <http://www.fg2013.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/20/1373341737_ARQUIVO_FazendoGenero2013TrabalhoCompleto-Final.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2018.

LOIZIDOU, Elena. Judith Butler: ethics, law, politics. New York: Routledge-Cavendish, 2007.

LOUREIRO, Luiz Guilherme. Registros púbicos: teoria e prática. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.

MACHADO, Paula Sandrine. O sexo dos anjos: um olhar sobre a anatomia e a produção do sexo (como se fosse) natural. Cadernos Pagu, n. 24, p. 249-281, jan./jun. 2005

MARTINI, Sandra Regina; SCHUMANN, Berta. Direito e transexualidade: implicações sociais e jurídicas. Porto Alegre: Evangraf, 2017.

MCADAM, Doug; TARROW, Sidney; TILLY, Charles. Para mapear o confronto político. Lua Nova, São Paulo, v. 76, p. 11-48, 2009.

MIRANDA, Felipe Arady. O direito fundamental ao livre desenvolvimento da personalidade. Revista do Instituto do Direito Brasileiro, Lisboa, a. 2, n. 10, p. 11175-11211, 2013.

MORGAN, Jules. Self-determining legal gender: transgender right, or wrong? The Lancet Diabetes & Endocrinology, London, v. 4, n. 3, jan. 2016.

MORGAN, Jules. Trans* health: “diversity, not pathology”. The Lancet Psychiatry, London, v. 2, n. 2, fev. 2015.

NEUMANN, Franz. A mudança de função da lei no direito da sociedade burguesa. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 109, p. 13-83, jul./dez. 2014.

NEUMANN, Franz. O conceito de liberdade política. Cadernos de Filosofia Alemã, São Paulo, n. 22, p. 107-154, 2013a.

NEUMANN, Franz. O império do direito. São Paulo: Quartier Latin, 2013b.

NIEDERBERGER, Andreas. Citizenship, Democracy and the Plurality of Means, Forms and Levels of Participation. In: CELIKATES, Robin; KREIDE, Regina; WESCHE, Tilo (Ed.). Transformations of Democracy. London: Rowman & Littlefield, 2015. p. 83-106

PERLINGIERI, Pietro. Perfis do direito civil: introdução ao Direito Civil Constitucional. 3. ed. São Paulo: Renovar, 2007.

PONTES DE MIRANDA. Tratado de Direito Privado. Parte Especial. Tomo VI. 3. ed. Rio de Janeiro: Borsoi, 1971.

REED, Geoffrey M. et al. Disorders related to sexuality and gender identity in the ICD-11: revising the ICD-10 classification based on current scientific evidence, best clinical practices, and human rights considerations. World Psychiatry, Geneva, v. 15, n. 3, p. 205-221, out. 2016.

RENNER, Karl. The institutions of private law and their social functions. New Brunswick: Transaction Publishers, 2010.

ROBERTS, Lynne D.; PARKS, Malcolm R. The social geography of gender-switching in virtual environments on the internet. Information, Communication & Society, London, n. 2, v. 4, p. 521-540, dez. 2010.

ROBLES, Rebeca et al. Removing transgender identity from the classification of mental disorders: a Mexican field study for ICD-11. Lancet Psychiatry, London, jul. 2016.

RODRIGUEZ, José Rodrigo. A desintegração do status quo: direito e lutas sociais. Novos estudos, São Paulo, n. 96, p. 48-66, jul./dez. 2013a.

RODRIGUEZ, José Rodrigo. Como decidem as cortes? Para uma crítica do direito (brasileiro). Rio de Janeiro: FGV, 2013b.

RODRIGUEZ, José Rodrigo. Dogmática é conflito: a racionalidade jurídica entre sistema e problema. In: RODRIGUEZ, José Rodrigo. PÜSCHEL, Flávia Portela; MACHADO, Marta Rodrigues de Assis. (Org.). Dogmática é conflito: uma visão crítica da racionalidade jurídica. São Paulo: Saraiva, 2013c, p. 21-32.

RODRIGUEZ, José Rodrigo. Fuga do direito: um estudo sobre o direito contemporâneo a partir de Franz Neumann. São Paulo: Saraiva, 2009.

RODRIGUEZ, José Rodrigo. Para uma pedagogia da incerteza: a dogmática jurídica como experimento e como imaginação. In: RODRIGUEZ, José Rodrigo. PÜSCHEL, Flávia Portela; MACHADO, Marta Rodrigues de Assis. (Org.). Dogmática é conflito: uma visão crítica da racionalidade jurídica. São Paulo: Saraiva, 2013d, p. 55-74.

RODRIGUEZ, José Rodrigo; PÜSCHEL, Flávia Portela; MACHADO, Marta Rodrigues de Assis. O raciocínio jurídico-dogmático e suas relações com o funcionamento do poder Judiciário e a democracia. In: RODRIGUEZ, José Rodrigo. PÜSCHEL, Flávia Portela; MACHADO, Marta Rodrigues de Assis. (Org.). Dogmática é conflito: uma visão crítica da racionalidade jurídica. São Paulo: Saraiva, 2013.

RODRIGUEZ, José Rodrigo. Teoria, Sociologia e Dogmática Jurídicas:

Em busca de convergências. In: STRECK, Lenio Luiz; ROCHA, Leonel Severo; ENGELMANN, Wilson. (Org.). Constituição, sistemas sociais e hermenêutica: anuário do Programa de Pós-graduação em Direito da UNISINOS: mestrado e doutorado: n. 16. Porto Alegre: Livraria do Advogado; São Leopoldo: UNISINOS, 2018. No prelo.

RODRIGUEZ, José Rodrigo. “Utopias” institucionais antidiscriminação: as ambiguidades do direito e da política no debate feminista brasileiro. Cadernos Pagu, São Paulo, n. 45, p. 297-329, 2015.

SCHREIBER, Anderson. Direitos da personalidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

SOARES, Tuanny Soeiro. O nome que eu (não) sou: retificação de nome e sexo de pessoas transexuais e travestis no registro civil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016.

TILLY, Charles. Movimentos sociais como política. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 3. Brasília, p. 133-160, jan./jul. 2010.

VENTURA, Miriam. Transexualidade: algumas reflexões jurídicas sobre a autonomia corporal e autodeterminação da identidade sexual. In: RIOS, Roger Raupp. (Org.). Em defesa dos direitos sexuais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007, p. 141-167.

VERGUEIRO, Viviane. Por inflexões decoloniais de corpos e identidades de gênero inconformes: uma análise autoetnográfica da cisgeneridade como normatividade. 2015. 244 f. Dissertação (Mestrado em Cultura e Sociedade) – Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade, Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, 2016.

WALSH, Reubs; KRABBENDAM, Lydia. How social norms affect psychiatric approaches to gender incongruence. The Lancet Psychiatry, London, v. 4, n. 2, 2017.

WYLLYS, Jean; KOKAY, Érica. Projeto de lei nº 5.002 de 2013. Dispõe sobre o direito à identidade de gênero e altera o artigo 58 da Lei 6.015 de 1973. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=565315>. Acesso em: 10 fev. 2018.